A Polícia Judiciária (PJ) portuguesa anunciou a detenção, esta segunda-feira, na cidade de Porto, de uma mulher suspeita de falsificar 20 pinturas de quatro autores consagrados, entre eles o moçambicano Malangatana Valente Nguenha.
De acordo com a PJ portuguesa, a referida mulher é reincidente neste tipo de crime, já que em Abril de 2008 também fora detida por incidente similar. Os mais visados nas falsificações agora detectadas eram Malangatana e Júlio Pomar com nove falsificações de trabalhos de cada um. O artista Malangatana diz estar desapontado com algumas galerias envolvidas no caso de falsificação das suas obras para além da mulher em questão. Não é só em Portugal que as suas obras são falsificadas. Nos EUA, os trabalhos de Malangatana foram copiados e assinados em seu nome. Falsificações, venda de obras na internet sem o seu conhecimento são ocorrências constantes nos últimos tempos. “Há dois anos houve uma obra dada por roubada, mas não tinha sido roubada, alguém colocou-a à venda na internet e já tinha cobrado a muitas pessoas. Chorei tanto, mas, passado alguns dias, descobri que a obra estava aqui em casa. Há muita gente a ganhar dinheiro por minha causa, mas, pronto, é a minha sina”, lamentou o pintor.
Esta situação não surpreende o artista que já estava informado deste último caso. “Nós os artistas vivemos estas situações, há pessoas que estudaram e tem essa capacidade de copiar, só que há sempre sinais que permitem o artista identificar a falta de originalidade da obra. Em 70 ou 71, chegou-se a pensar que tivesse feito duas obras iguais, o que não era verdade, mas descobriu-se que era um caso de falsificação”, contou Valente.
Ainda este ano, em Abril, a polícia portuguesa apreendeu na região de Lisboa cerca de 80 pinturas, serigrafias e desenhos falsificados como sendo obras assinadas por autores consagrados. Na lista, aparece também o nome de Malangatana.
Nessa altura, segundo a polícia, alguns comerciantes envolvidos nas transacções foram também interrogados e constituídos arguidos.
Esta operação, de acordo com um comunicado da PJ, surgiu no âmbito de uma investigação mais vasta, que decorre há mais de dois anos e que já permitiu apreender um total de 120 obras pictóricas falsas. Noutras ocasiões, foram também detectadas falsificações de quadros de dezenas de outros nomes, igualmente sonantes das artes plásticas, designadamente, Júlio Resende, Cargaleiro, Bual, Nadir Afonso, Roque Gameiro, Mário Botas e Bernardo Marques.
Nguenha afirmou ainda que “não sou o único, o Picasso, Dali, Pomar etc., somos um grupo de vítimas, estou a falar de pessoas que deixaram obras para agradar o mundo, isso desagrada-me”, terminou o artista
Fonte: O País oneline
Nenhum comentário:
Postar um comentário