segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

ACIDENTE DE MBUZINI


Interferências de Pik Botha ameaçaram idoneidade das investigações

O antigo ministro dos negócios estrangeiros sul-africano, Pik Botha, interferiu nos trabalhos da comissão de inquérito instaurada pela África do Sul como Estado de Ocorrência do acidente de Mbuzini, pondo em cheque a autoridade dos investigadores que no terreno procediam à identificação das causas do desastre de aviação em que perdeu a vida o primeiro presidente de Moçambique, Samora Machel. Segundo Theresa Papenfus, autora da obra biográfica «Pik Botha and His Times», o ex-ministro sul-africano tomou a iniciativa de entregar às autoridades moçambicanas a documentação da aeronave sinistrada em Mbuzini, à revelia dos preceitos que regem as comissões que investigam acidentes de aviação.
A autora cita o investigador responsável pela parte sul-africana, Rennie van Zyl, a dizer que Pik Botha “havia tornado mais difícil a tarefa dos investigadores pois ele, infelizmente, já havia concordado que os moçambicanos retirassem documentos de entre os destroços do avião. Perdemos muitas provas. Conseguimos salvar as caixas negras quase no fim, pois Pik Botha até estava disposto a entregá-las a Moçambique”. Acrescenta Van Zyl, referindo-se ao investigador-chefe, pela parte sul-africana, “Felizmente, o Piet de Klerk evitou que isso acontecesse e a seguir a polícia colocou as caixas negras sob sua custódia”.
A União Soviética, com o apoio de Moçambique, insistiu sempre na entrega incondicional das caixas negras às autoridades de Moscovo. Van Zyl volta a ser citado na biografia a dizer que “os russos sugeriram que Piet de Klerk levasse as caixas negras para Moscovo. Não concordámos, pois não sabíamos se voltaríamos a ver, quer Piet de Klerk, quer as caixas negras”. Van Zyl afirma que as partes soviética e moçambicana acabariam por aceitar uma proposta sua de que as caixas negras fossem abertas num país neutro, a Suíça. Isto, no caso do gravador de cabine (CVR). Relativamente ao gravador digital de dados (DFDR), Van Zyl propôs que a África do Sul ficasse com uma cópia, sendo a outra aberta e descodificada em Moscovo na presença de representantes dos três países.
De acordo com Van Zyl, quando a 14 de Novembro de 1986 ele apresentou a proposta em Maputo, “tanto os soviéticos como os moçambicanos levantaram objecções, especialmente face às declarações recentemente proferidas pelo ministro soviético da aviação civil”, Ivan Vasin, que mesmo antes da abertura das caixas negras já tinha decidido quais haviam sido as causas do acidente. Adianta Van Zyl: “Quando eram cerca das 9 horas da noite, um dos russos perdeu as estribeiras com o colega da KGB e disse-lhe algo em russo. O homem da KGB tentou calá-lo. Meia hora depois, o acordo estava assinado e à meia-noite eu estava de regresso a Joanesburgo.”
Voltando a referir-se a Pik Botha, o investigador responsável pela parte sul-africana disse que o ex-ministro dos negócios estrangeiros da África do Sul consentiu que o mecânico de bordo, Vladimir Novoselov, fosse evacuado do Hospital Militar 1 em Pretória. Van Zyl afirma que quando se deslocou a Moscovo em Dezembro de 1986, as autoridades soviéticas impediram-no de entrevistar Novoselov, alegando “dificuldades de transporte” para São Petersburgo, cidade onde se encontrava o mecânico de bordo. Idêntica sorte tiveram os investigadores da comissão de inquérito moçambicana presentes na capital soviética.
Quando o Relatório Factual elaborado pelos investigadores dos três países foi apresentado perante a Comissão de Inquérito sul-africana num tribunal de Joanesburgo em Janeiro de 1987, Novoselov não foi autorizado pela União Soviética a testemunhar nem a ser acareado. Sob pressão de Moscovo, Moçambique retirar-se-ia dos trabalhos da Comissão de Inquérito instaurada pelo Estado de Ocorrência, não comparecendo no tribunal de Joanesburgo, apesar do representante oficial moçambicano junto dessa comissão, Dr. Paulo Muxanga, ter solicitado momentos antes, à parte sul-africana, que recomendasse uma firma de advogados para defender os interesses de Moçambique nessa instância jurídica.
Do Hospital Militar 1, Vladimir Novoselov foi evacuado para Maputo a 29 de Outubro de 1986. Novoselov seguiu da capital moçambicana para Moscovo no dia 5 do mês seguinte, tendo o Presidente Joaquim Chissano apresentado cumprimentos de despedida a esse tripulante no mesmo dia, deslocando-se para o efeito à Representação Comercial da União Soviética em Maputo.
Em «Memórias em Voo Rasante», Jacinto Veloso, que integrou a Comissão de Inquérito moçambicana, revelou que a Embaixada Soviética em Maputo por duas vezes impediu que investigadores moçambicanos entrevistassem Novoselov entre os dias 30 de Outubro e 5 de Novembro de 1986, alegando que o mecânico de bordo do Tupolev presidencial não se encontrava em bom estado de saúde.
A autópsia aos corpos da tripulação foi outro caso apontado na biografia, «Pik Botha and His Times», como revelando interferência do antigo ministro sul-africano dos negócios estrangeiros nos trabalhos da Comissão de Inquérito. Sem o consentimento dos investigadores sul-africanos, em Mbuzini Pik Botha concordara com o ministro da segurança moçambicano, Sérgio Vieira, que os corpos dos tripulantes fossem imediatamente transferidos para Maputo. Os investigadores conseguiriam, porém, que os corpos fossem primeiro transportados para o hospital de Komatipoort para extracção de humor vítreo, e de sangue mediante a incisão de golpes no pescoço. A autópsia ao cadáver de Samora Machel seria efectuada em Maputo por um médico patologista sul-africano com o apoio de médicos moçambicanos e cubanos.
(Redacção)

2011-01-24 05:40:00

domingo, 16 de janeiro de 2011

Tunísia: O desempregado que derrubou um ditador

O doloroso suicídio de um jovem no desemprego conduziu à queda do homem que, com punho de ferro, dirigia a Tunísia há 23 anos. Mohamed Bouazizi é o mártir de uma revolução inédita no Norte de África.
Mohamed Bouazizi teria pouco mais de 20 anos e era um apaixonado pelas Ciências Informáticas (ao contrário do que foi inicialmente avançado, a imprensa francófona não garante que o jovem se tenha licenciado na área). Sonhava com uma carreira no mundo das novas tecnologias. Só não contava com a pena actualmente imposta a cerca de 60% dos diplomados tunisinos.
Num país onde o ditador Ben Ali e a sua família ainda controlam a economia após uma vaga pouco transparente de privatizações, o trabalho está reservado àqueles que têm sorte ou aos que gozam de relações privilegiadas com a diminuta e poderosa elite de Tunes. Na Tunísia, como em outros tantos países, não são as qualificações ou o mérito que determinam o sucesso. É antes o nome, o casamento ou a filiação partidária.
No desemprego, Bouazizi viu-se forçado a vender frutas e legumes nas ruas da sua cidade natal do centro-oeste, Sidi Bouzid, para alimentar a família. Mas não tinha a necessária licença de comércio, difícil de obter no labirinto da burocracia e corrupção tunisina. A 17 de Dezembro de 2010, a polícia confiscou-lhe a banca e a balança. Segundo testemunhos locais, terá sido agredido e humilhado pelas autoridades.
Nessa mesma sexta-feira, Bouazizi deslocou-se à autarquia de Sidi Bouzid para tentar regularizar a situação. Não conseguiu. Com o dinheiro que restava, comprou um litro de gasolina. Despejou o combustível sobre a cabeça e imolou-se pelo fogo.
Com ele, incendiou a revolta dos tunisinos. A notícia do radical protesto foi inicialmente censurada pela imprensa estatal, mas a história espalhou-se pelas redes sociais da Internet, como o Facebook, o Twitter e o YouTube. Milhares de jovens desempregados começaram a sair às ruas. Vários licenciados sem trabalho, como Houcine Néji, de 24 anos, seguiram o exemplo de Bouazizi e cometeram suicídio pelo fogo ou subindo a postes de alta tensão.
Apesar dos ferimentos graves, Bouazizi não morreu de imediato. Foi transferido para unidade de queimados do hospital de Ben Arous, nos arredores da capital tunisina Tunes. Quando o regime pensava ainda poder conter a vaga de contestação, o Presidente foi visitá-lo. Desejou-lhe as melhoras e prometeu prestar-lhe todo o auxílio possível.
Mas Ben Ali e Mohamed Bouazizi eram dois homens condenados que se olhavam mutuamente. O jovem de 23 anos morreu a 4 de Janeiro. Milhares compareceram no funeral, no dia seguinte. «Hoje choramos a tua morte, amanhã vamos fazer chorar quem te matou», era um dos slogans na cerimónia transformada em comício.
Não se sabe se Bouazizi se terá apercebido da revolta que despoletara. O que é certo é que não assistiu à sua conclusão. Ao fim de quase um mês de violentos protestos que vitimaram perto de uma centena de pessoas (pouco mais de 20, segundo o regime), o Presidente Ben Ali dissolveu sexta-feira o Parlamento e fugiu do país. Segundo as últimas informações, o ditador deposto encontra-se na Arábia Saudita. A Tunísia, pela primeira vez após séculos de colonialismo e décadas de autorita

pedro.guerreiro@sol.pt
http://comunidademocambicana.blogspot.com/

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Conferência internacional da Juventude, na RSA

- OJM ,que decepção ,como sempre


Sinceramente falando isto foi a pior merda que a OJM e seus lambibotas escovas cometerão em nome da República de Moçambique, nem acreditei quando vi na TVM as 11:07 h do dia 24 de Dezembro na África do sul , a delegação Moçambicana presente , repito todas províncias menos Nampula se não estou em erro,
Durante os desfies os Moçambicanos exibiam 98% das bandeiras da Frelimo, sim do partidão e não da república de Moçambique, mas que porcaria disculpe-me carros visitantes estou com os nervos em alta, vi isso e depois das 18 h comentei numa barraca com o secretário do bairro e mais alguns Moçambicanos , aquilo foi um derrame do crude, todos acharam uma ofensa a todos os Moçambicanos que pagam impostos e são oferecidos a OJM pelo orçamento do estado, atenção o estado, não o partido frelimo,  vi o lambibota comentador na Stv, no ponto de vista, vestido com a camiseta da frelimo, incluindo o secretário geral da OJM com a camiseta da frelimo e não a bandeira da república de Moçambique, e assim dando a entender a todo o mundo qual é a bandeira da república de Moçambique, que merda .
Até quando saberemos saparar o joio do trigo e não comparar os assuntos nacionais do estado e dum partido, e para o cúmulo os que estão nessa vergonha são os doutores pergunto eu doutores do quê? Como e que um doutor não sabe separar os assuntos, não e por mal eu nunca fui membro da OJM porque o seu comportamento foi suspeito, e não me arrependo, ainda não faço parte da nenhuma organização juvenil nem partidária, apenas faço parte dos que tem um pensamento diferente de escovinhas lambibotas com o objectivo de um dia Moçambique ser um Pais independente democrático e a desenvolver para frente, boas entradas aos meus leitores.