quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Caso se confirme a viabilidade da exploração do petróleo

Governo deve reduzir incentivos fiscais atribuídos aos mega-projectos -defende Centro de Integridade Pública

Maputo (Canalmoz) – A anunciada possível ocorrência de crude na bacia do Rovuma torna imperioso que o Governo moçambicano renegocie os contratos com os mega-projectos, em geral, e com as multinacionais do sector petrolífero, em particular, e acabe com todos os incentivos fiscais que se encontram na legislação aplicada aquando da celebração dos contratos. Quem tal defende é o Centro de Integridade Pública (CIP), para quem a renegociação dos contratos “é a única saída para que Moçambique possa captar mais receitas fiscais e não-fiscais dessas multinacionais”.
Esta posição já foi defendida por vários economistas – o Governo sempre ignorou – que justificaram que as multinacionais não tinham impacto na vida do cidadão, tal como o executivo sempre quis fazer acreditar.
De acordo com o CIP, a revisão da legislação que regula as contribuições fiscais das empresas dos sectores mineiro e petrolífero (ocorridas em 2007 e 2009) não resolveu a questão, porque a maior dos contratos em vigor (incluindo com a Anadarko, que acaba de anunciar a “descoberta” de petróleo) são anteriores a 2007, o que quer dizer que, no caso de uma exploração comercial futura, Moçambique tem poucas possibilidades de aumentar consideravelmente a sua renda fiscal.
O CIP faz a sua exposição numa nota de imprensa enviada à nossa redacção, na qual considera haver toda uma necessidade de se clarificar a aplicação dos fundos sociais e rendas fiscais. O argumento é de que desde que a prospecção e pesquisa de hidrocarbonetos em Moçambique ganhou novo ímpeto, com a aprovação da Lei de Petróleos em 2001, milhões de dólares norte-americanos tem vindo a ser entregues ao Governo para aplicação nos chamados “fundos sociais”. Esses fundos, diz o CIP, acompanham os investimentos em prospecção, os quais, entre 2006 e 2009, de acordo com dados do Instituto Nacional de Petróleos (INP), ultrapassaram os 300 milhões de USD na bacia do Rovuma (onde a Anadarko “descobriu” agora presença de petróleo), e pouco mais de 100 milhões de dólares na bacia de Moçambique.
Esses pagamentos ocorrem numa base anual. Por exemplo, a «Norueguesa Statoil», que faz prospecção de petróleo na bacia do Rovuma, paga um milhão de dólares/ano e a «Italiana ENI», que também actua na bacia do Rovuma paga 500 mil dólares/ano. A questão que o CIP coloca é: como é que esse dinheiro é aplicado e como é que os cidadãos podem ter acesso aos dados sobre a sua gestão?
No quadro actual, a opinião pública desconhece os montantes exactos que o Governo recebe por via do INP (Instituto Nacional de Petróleos), muito menos os critérios de gestão que lhes são aplicados.
O CIP considera também que para além de não existência de um regulamento público sobre a aplicação dos fundos, igualmente não é clara a participação das comunidades na definição de prioridades de investimento. Por isso, algumas multinacionais tomam iniciativas próprias de investir em projectos sociais de visibilidade.
No seu comunicado, o CIP fala igualmente da necessidade de publicação dos contratos assinados entre o Governo e as empresas de prospecção/exploração, o que, segundo explica, fará com que o cidadão passe a conhecer as obrigações fiscais das empresas e a monitorar até que ponto os pagamentos feitos pelas empresas estão em consonância com os termos fiscais do contrato rubricado.
Por último, o CIP diz ser imperiosa, caso se prove a existência do crude, a mitigação dos impactos ambientais e sociais inerentes à pesquisa e exploração de hidrocarbonetos, pois as operações de prospecção e pesquisa de petróleo são sempre concorrentes com outras actividades como a pesca, a agricultura e o turismo. Alguns efeitos ambientais negativos já foram sentidos em vários projectos e os conflitos de exploração tem sido um sinal negativo, sugerindo a falta de capacidade do Estado na gestão dos recursos naturais de uma forma equilibrada.
(Redacção)

Chauque: A nomeklatura está com ansiedade de encher os bolsos, criarem empresas petrolíferas, terem as contas com acesso nos bancos.

4 comentários:

  1. E Agora ? Mano Chauque ?

    Vamos fazer como ?

    Petroleo vai dar problema se existir, e se nao existir tambem vai dar problema,

    Vamos fazer como ?

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  2. O melhor é não existir NADA mesmo.
    Isto só vai gerar mais desentendimento, corrupção, invejas, etc.
    Para a maioria do povo, não passará de uma MIRAGEM no deserto, para os privilegiados do governo ou uma minoria da elite Frelimista, será um novo OASIS para aumentarem as suas contas bancárias já bem chorudas.
    Para que haja ou exista, então que fosse para o progresso e desenvolvimento de Moçambique e para o aliviamento da pobreza que afecta a maioria do nosso povo.
    Maria Helena

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  3. E agora seleccionador nacional? a minha opinião sinceramente falando é não termos petroleo até eu morrer. porque meu irmão vamos sofrer seriamente aqui em moçambique, os paises africanos quem tem petroleo estão no sofrimento total,acaba democracia, aumentam os mandatos para tempo infenito. guerras , corupção, bandedagem etec, etc, petroleo não traz desenvolvimento em África,Quem sabe vamos organizar a nossa selecção talvez podemos melhorar

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  4. ´´O melhor é não existir NADA mesmo´´concordo plenamente contigo, sem comentário Maria Helena

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