quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Cadeia para um figurão sul-africano



O Judiciário da África do Sul fez história hoje ao determinar 15 anos de cadeia para Jackie Selebi, ex-chefe da polícia do país (2000 a 2008).

É o mais graduado político do país já condenado por corrupção, e um dos mais importantes em toda a África (descontando julgamentos políticos de ex-presidentes). Selebi, hoje com 60 anos, também foi presidente da poderosíssima Juventude do Congresso Nacional Africano (o partido que governa a África do Sul há 16 anos) e também embaixador sul-africano na ONU. Por um curto período, também presidiu a Interpol, a organização multinacional que caça criminosos que cruzam fronteiras.
Um senhor currículo portanto, o que só aumenta o espanto com sua sentença, lida hoje por um juiz em Johannesburgo (a condenação em si já havia sido dada, faltava o “detalhe” de quanto tempo ele deverá passar na cadeia).
Num país em que a criminalidade ocupa espaço no debate político até maior do que no Brasil, ser chefe da polícia é um cargo de extrema importância. O comandante desta força tem mais poder do que a maioria dos ministros, e senta-se em reuniões de gabinete. Manda mais até do que o ministro da Justiça.
O caso é digno de um episódio de “Sopranos”. Selebi foi investigado pelo Ministério Público por suas conexões com um cidadão chamado Glenn Agliotti, mafioso e barão do tráfico de drogas. A constatação dos promotores é de que Agliotti pagou o equivalente a R$ 300 mil a Selebi para que ele tolerasse suas atividades criminosas. Um belíssimo suborno, em outras palavras.
Selebi foi pego porque não resistiu e desrespeitou a regra número 1 dos corruptos: se roubar, não ostente. Um senhor até então simplório, cuja fisionomia lembra vagamente a do ator Morgan Freeman, começou a dar banda de ternos caríssimos e carrões. A mudança brusca no estilo de vida despertou a curiosidade dos promotores. Bingo. Selebi foi pego no ato.
Ele terá agora 14 dias para recorrer da sentença, mas o Judiciário já não tem muita paciência com ele, como demonstrou ontem a decisão do juiz Joffe Meyer. “Em nenhum momento o acusado demonstrou qualquer indicação de remorso. Mentiu e fabricou versões com o objetivo de fugir das conseqüências de sua conduta”, afirmou o juiz.
Num país com apenas 16 anos de democracia, a condenação do ex-chefão da polícia é um raríssimo caso de Justiça sendo aplicada a alguém conectado ao regime. Até hoje a regra tem sido a de que “camaradas” que se deslumbram com o poder são perdoados, ou têm o crime relativizado, na mesma proporção de sua contribuição para a luta contra o apartheid.
No começo desta década, por exemplo, o então ministro da Defesa, Joe Modise, foi alvo de acusações gravíssimas de corrupção. Mas nada aconteceu. Motivo: havia sido comandante da força guerrilheira do CNA nos anos 80.
Mesmo no caso de Selebi, muitas foram as vozes no governo que se levantaram em sua defesa. Mas dessa vez os promotores mostraram que são um bastião de independência num país em que quase tudo está ligado de maneira promíscua ao governo.

Chauque: Bom exemplo para todos os estados africanos que defendem os seus membros corruptos ,assassinos, barões da droga por serem do seu partido e terem disparados primeiros tiros contra os colonizadores, ficando eles como os colonizadores exploradores de tudo, desde a população a riquezas dos seus países. só mudaram da raça. Moçambique exemplo concreto temos o caso aeroporto, foram condenados os corruptos mas estão ai a passear a espera do recurso a mais de 2 meses enquanto k na África do Sul são 14 dias.

2 comentários:

  1. Teve o que bem merecia.
    Será que irá cumprir a sua sentença por inteiro?
    Ou acontecerá como tem acontecido a outros?
    São postos em liberdade por questões de saúde, ou porque sofrem de doenças que não podem ser controladas dentro da cadeia...
    Falamos de S. Shaik, A. Boesak, T. Yangeni(?), etc.
    Maria Helena

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  2. Maria Helena, eu acredito que sim, o Jackie Selebi, vai comprimi a sentença,porque a RSA está a desenvolver democraticamente o seu pais, demonstrando que o Pais não pode ser refém dos membros dum partido que lutou para a independência e estar no puder para apoderar-se do pais, este não é o primeiro caso que leva corruptos do partido ao tribunal,é provável que num futuro bem próximo saia por quistoes de saúde,mas é um passo gigantesco para os Africanos,em moçambique infelizmente os corruptos do estado , vão ao tribunal são condenados e ficam mais de 5 meses fora das celas,(a txilar)

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