A generalidade da imprensa moçambicana privilegiou a FRELIMO (partido no poder desde a independência) e o candidato presidencial do partido, Armando Guebuza, nas eleições gerais de Outubro passado em Moçambique, segundo um estudo feito por académicos e consultores independentes.
O trabalho, hoje divulgado pela imprensa em Maputo, foi feito na sequência de um pedido do Sindicato dos Jornalistas, que quis assim aferir o nível de cumprimento dos princípios de isenção e independência da comunicação social, em especial a imprensa que beneficiou de subsídios para a cobertura eleitoral.
Os consultores concluíram que a FRELIMO e o Presidente Armando Guebuza foram beneficiados pela imprensa, que também privilegiou, em segundo lugar, o MDM e o candidato a Presidente, Daviz Simango, e só depois a RENAMO (maior partido da oposição) e o candidato presidencial, Afonso Dhlakama.
Ernesto Nhanale, professor universitário e consultor do estudo, disse que a informação escrita foi mais objectiva e isenta do que a Rádio e Televisão públicas.
O trabalho concluiu assim que a comunicação social moçambicana tem um longo caminho a percorrer para uma cobertura eleitoral que siga escrupulosamente os mais elementares critérios do código de conduta dos jornalistas, porque ainda há parcialidade nos artigos dos jornalistas que cobriram a campanha.
O estudo abrangeu a Televisão de Moçambique (TVM), Rádio Moçambique (RM), os jornais Notícias e Diário de Moçambique (diários), e os semanários Magazine Independente, Savana, Zambeze e A Verdade, que fizeram uma cobertura ampla, reportando a campanha eleitoral um pouco por todo o país.
“Os elevados índices de favoritismo para a FRELIMO e seu candidato e os desfavorecimentos para a RENAMO e Dhlakama dão uma indicação da existência de parcialidade, deliberada ou não, por parte dos jornalistas dos órgãos monitorados, particularmente da TVM”, refere o relatório.
Os consultores disseram que o incumprimento do código de conduta deve-se a constrangimentos financeiros, que obrigam os jornalistas a dependerem das condições criadas pelos partidos, mas também a questões de ordem pessoal, como falta de consciência sobre a seriedade na profissão.
O secretário do Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ), Eduardo Constantino, reconheceu as fragilidades e apontou a falta de consciência por parte dos profissionais como sendo a mais grave.
“Ainda há um longo caminho por percorrer para que o código de conduta venha a ser respeitado por todos os profissionais. É preciso sublinhar que os repórteres podem ter consciência da necessidade de cumprir o código, mas se os responsáveis editoriais não tiverem a consciência de que este instrumento deve ser cumprido, continuaremos a ter estes problemas”, disse.
Nas eleições gerais de outubro passado, a FRELIMO e o seu candidato a Presidente, Armando Guebuza, venceram com mais de 75 por cento dos votos.
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