MARCO DO CORREIO
Por Machado da Graça
Olá António
Como vai essa saúde? Do meu lado tudo bem, felizmente.
Escrevo-te hoje para comentar uma particular honraria com que foi galardoado um nosso concidadão.
Eu já sabia há muito tempo que é costume a Rainha de Inglaterra atribuir títulos de nobreza aos cidadãos que se destaquem nas suas áreas de actividades.
Escritores como Terry Pratchett, por exemplo, passam a ser tratados por Sir Terry Pratchett a partir do momento em que a Rainha lhes concede o título de Cavaleiro, ou qualquer outro título nobiliárquico.
Não sabia era que o Presidente dos Estados Unidos também tomava esse tipo de decisões.
Descobri-o agora ao saber que Barack Obama atribuiu a um concidadão nosso o título de Barão.
Junto com o novo Barão moçambicano receberam também o mesmo título um cidadão do México, um da Guiné-Bissau e dois do Afeganistão. Todos eles considerados Barões por Barack Obama.
Até onde percebi esta atribuição do título de Barão começou a ser feita nos Estados Unidos a partir do ano 2000 e, até agora, já receberam essa distinção 87 indivíduos das várias partes do mundo.
É, portanto, a esse selecto grupo que o nosso compatriota se vai juntar por decisão do Chefe de Estado americano, transmitida a partir da Casa Branca, em Washington.
Para esse efeito, Obama considerou mesmo a actividade do nosso concidadão como “significativa”, como justificação para a distinção que lhe atribuiu
Para esse efeito o estadista americano invocou a Lei de Designação de Barões da Droga Estrangeiros.
E, ao abrigo da mesma lei, congelou os bens que o Barão, ou as suas empresas, possa ter em territórios sob controlo do Governo Americano e proibiu quaisquer
entidades dos Estados Unidos de realizarem quaisquer transacções financeiras ou comerciais com as mesmas.
No caso da Inglaterra, o título de Barão dá direito e a ser designado Sir e a um brasão que alguns penduram, em grande, por cima da porta das suas residências e outros colocam, mais discretamente, nos seus cartões-de-visita. Aguardemos para ver o que vai fazer o nosso novo Barão.
Sendo ele pessoa muito próxima dos nossos dirigentes, aconselha-se o nosso Protocolo a estudar como ele deve passar a ser tratado a partir de agora, que lugares deve ocupar, qual é a sua posição na lista protocolar das personalidades nacionais.
Um aspecto a salientar é o facto de a proibição de transacções com o novo Barão e com as suas empresas funcionar apenas em relação a cidadãos e
instituições americanas.
Isso não proíbe, por exemplo, importantes transacções, que se realizam regularmente, de tantos em tantos anos, e que consistem na aquisição, por
quantias significativas, de canetas, cachimbos e outros objectos de valor.
Segundo fonte informada me disse, a modéstia do novo Barão pode ser avaliada por declarações que terá feito, recentemente, a alguém que lhe perguntou como tinha iniciado a sua actividade comercial.
– A vender rebuçados – terá ele respondido.
Não informou, no entanto, que tipo de rebuçados vendia nem qual era o recheio deles.
Estamos a crescer, António. Pois se agora até já temos um Barão com reconhecimento internacional!
É obra!
Um abraço para ti, meu bom amigo, do
Machado da GraçaCORREIO DA MANHÃ – 04.06.2010
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