Trata-se simplesmente de incapacidade de aproveitar as condições existentes? Pode ser tudo isso ou simplesmente uma questão de fim de estrada?... Os “camaradas” trouxeram a independência, mas também trouxeram novos cancros sócio-políticos de difícil tratamento.
Beira (Canalmoz) - Aquela pujança discursiva que até convencia multidões, com que se apresentavam “os camaradas” nos primeiros anos pós-independência está esmorecendo a uma velocidade incrível. O discurso de tantas vezes repetido perdeu sentido sobretudo quando os cidadãos aprenderam a comparar o dito com o feito.
De uma contribuição a todos os títulos louvável, em prol da independência política nacional e do estabelecimento de uma república independente, chegou-se a um ponto em que se começou a questionar o significado de tudo o que era proclamado como verdade.
O comportamento e a postura da classe dirigente proveniente da guerrilha independentista começou a constituir motivo de dúvidas que se foram avolumando e na verdade, atingiu-se um ponto em que de simples questionamento avançou-se para a recusa de aceitar-se como verdade o que era obviamente discurso populista, demagogo e lesa-pátria.
Quando se “zangam as comadres descobrem-se as carecas” diz o ditado popular.
Afinal muito do que foi sendo dito ao longo dos anos por aqueles em que as pessoas acreditavam ingenuamente como puros e imaculados heróis, não é tão bem verdade e mesmo de suas hostes surgem cada vez mais contestações e críticas sobre como se comportam e agem “antigos camaradas”.
Na tentativa de rapidamente substituir a administração colonial portuguesa e em seu lugar estabelecer uma administração genuinamente moçambicana houve uma corrida desenfreada para “escangalhar o aparelho de estado colonial”.
Sem uma base de recursos humanos com tradição e competência técnica comprovada os erros de percurso não se fizeram esperar. Lógico que todos acreditamos que era necessário que algo fosse feito. Só que entre fazer alguma coisa e destruir alguma coisa existem diferenças. É mais fácil estragar e destruir do que construir.
De uma contribuição a todos os títulos louvável, em prol da independência política nacional e do estabelecimento de uma república independente, chegou-se a um ponto em que se começou a questionar o significado de tudo o que era proclamado como verdade.
O comportamento e a postura da classe dirigente proveniente da guerrilha independentista começou a constituir motivo de dúvidas que se foram avolumando e na verdade, atingiu-se um ponto em que de simples questionamento avançou-se para a recusa de aceitar-se como verdade o que era obviamente discurso populista, demagogo e lesa-pátria.
Quando se “zangam as comadres descobrem-se as carecas” diz o ditado popular.
Afinal muito do que foi sendo dito ao longo dos anos por aqueles em que as pessoas acreditavam ingenuamente como puros e imaculados heróis, não é tão bem verdade e mesmo de suas hostes surgem cada vez mais contestações e críticas sobre como se comportam e agem “antigos camaradas”.
Na tentativa de rapidamente substituir a administração colonial portuguesa e em seu lugar estabelecer uma administração genuinamente moçambicana houve uma corrida desenfreada para “escangalhar o aparelho de estado colonial”.
Sem uma base de recursos humanos com tradição e competência técnica comprovada os erros de percurso não se fizeram esperar. Lógico que todos acreditamos que era necessário que algo fosse feito. Só que entre fazer alguma coisa e destruir alguma coisa existem diferenças. É mais fácil estragar e destruir do que construir.
Foi muito difícil e continua sendo difícil para os governantes moçambicanos optarem pelo aproveitamento do que de nacional existe em termos de recursos humanos. Toda a massa de funcionários moçambicanos que pertencera aos quadros técnicos e administrativos coloniais foi estrategicamente preterida e colocada numa posição de subalternidade e na margem dos processos. Isso fazia parte da estratégia adoptada de “escangalhar o aparelho de estado colonial”.
Se houve ou não assessoria “socialista” por essa opção e se ela deveria ser implementada conjuntamente com uma outra de afugentar rapidamente os quadros técnicos coloniais é algo que só os dirigentes políticos da altura poderão dizer.
Pelo que se pode avaliar nos dias de hoje essa estratégia foi um erro colossal pois impediu que o país aproveitasse de toda uma experiência e conhecimentos acumulados que se utilizados poderiam muito bem fazer a diferença entre o desgoverno e falta de comando administrativo, entre a falta de rotinas burocráticas e a capacidade de servir os cidadãos em tempo oportuno.
O que hoje se diz quanto a postura dos funcionários públicos era um dado adquirido naqueles tempos em que se colocou na “prateleira” quem sabia fazer e sabia estar na Função Pública.
A rápida promoção de pessoas sem a necessária formação profissional para o exercício de cargos de chefia promoveu uma cultura nova de funcionamento e comportamento das instituições governamentais. A confiança política que assim começou a ser critério aberto de promoção de quadros trouxe consequências desastrosas para todo um aparelho de estado emergente.
A actualização de estudos e a consultoria é algo oneroso e necessário que se faz para um aproveitamento cada vez maior e melhor dos recursos. Só que tais acções poderiam muito bem ter sido economizadas a partir da utilização do banco de dados e conhecimentos existente.
Os ganhos ao nível económico, político e social não tiveram a avaliação pertinente.
E a tendência volta a repetir-se nos dias de hoje. Cada chefe que assume funções corre a substituir toda a máquina em nome de uma suposta confiança política. Já nem se trata de substituir gente que professa uma ideologia diferente mas, sim, colocar pessoas de obediência inquestionável ao novo chefe.
Assim no lugar de construir o presente e o futuro com base nos conhecimentos e experiências acumuladas pela sociedade entra-se pela via de começar sempre de um hipoteticamente novo.
Se houve ou não assessoria “socialista” por essa opção e se ela deveria ser implementada conjuntamente com uma outra de afugentar rapidamente os quadros técnicos coloniais é algo que só os dirigentes políticos da altura poderão dizer.
Pelo que se pode avaliar nos dias de hoje essa estratégia foi um erro colossal pois impediu que o país aproveitasse de toda uma experiência e conhecimentos acumulados que se utilizados poderiam muito bem fazer a diferença entre o desgoverno e falta de comando administrativo, entre a falta de rotinas burocráticas e a capacidade de servir os cidadãos em tempo oportuno.
O que hoje se diz quanto a postura dos funcionários públicos era um dado adquirido naqueles tempos em que se colocou na “prateleira” quem sabia fazer e sabia estar na Função Pública.
A rápida promoção de pessoas sem a necessária formação profissional para o exercício de cargos de chefia promoveu uma cultura nova de funcionamento e comportamento das instituições governamentais. A confiança política que assim começou a ser critério aberto de promoção de quadros trouxe consequências desastrosas para todo um aparelho de estado emergente.
A actualização de estudos e a consultoria é algo oneroso e necessário que se faz para um aproveitamento cada vez maior e melhor dos recursos. Só que tais acções poderiam muito bem ter sido economizadas a partir da utilização do banco de dados e conhecimentos existente.
Os ganhos ao nível económico, político e social não tiveram a avaliação pertinente.
E a tendência volta a repetir-se nos dias de hoje. Cada chefe que assume funções corre a substituir toda a máquina em nome de uma suposta confiança política. Já nem se trata de substituir gente que professa uma ideologia diferente mas, sim, colocar pessoas de obediência inquestionável ao novo chefe.
Assim no lugar de construir o presente e o futuro com base nos conhecimentos e experiências acumuladas pela sociedade entra-se pela via de começar sempre de um hipoteticamente novo.
Mas na verdade aqui reside a base do logro e de toda uma estruturação governamental que acaba servindo indivíduos e não os cidadãos e a sociedade em geral.
O esgotamento de ideias ou a falta de perspicácia e capacidade para discernir o que de facto deve ser feito é uma resultante de uma postura e posicionamento político virados para o aproveitamento das vantagens que os cargos públicos dão aos seus titulares.
Não é por acaso que tanto o gado para o fomento pecuário ou os tristemente famosos 7 milhões de meticais para as iniciativas locais acabam por ser abocanhados pelos governantes afectos na sua distribuição.
Não é por acaso que as joint-ventures estabelecidas são de engenharia que beneficia abertamente os titulares dos cargos públicos afectos aos sectores em que ocorrem.
Não é por acaso que milhares de hectares de terra produtiva são colocados no defeso à espera da próxima iniciativa de capitalização.
Não é por acaso que as joint-ventures estabelecidas com o beneplácito de poderosos governantes não sofrem sanções nem são penalizadas quando deixam de servir os objectivos para que foram criadas.
E assim, obviamente que estão criadas as condições para a proliferação da impunidade judicial e da corrupção.
O sentimento de missão cumprida deve estar cada vez mais longe dos “camaradas”. Trouxeram a independência mas também trouxeram novos cancros sócio-políticos de difícil tratamento.
Quem olha para Moçambique de hoje fica perplexo e confuso sobre tudo o que se passa. É difícil compreender como é que um país prenhe de recursos tem a maioria de sua população no mercado informal e vegetando no campo. Como pode um governo revelar-se incapaz de orçamentar estrategicamente de tal sorte que sectores vitais como a Educação e a Saúde sejam e recebam o tratamento preferencial que se mostra necessário?
Mudam ministros e outros são promovidos mas a Educação continua apresentando resultados negativos. Os níveis de aprovação nos diferentes subsistemas indicam que algo grave existe mas não há prontidão, abertura, nem honestidade suficientes para se embarcar num diagnóstico nacional que revele a todos a natureza do problema.
E depois quem disser que assim não se está combatendo pobreza alguma corre o risco de ser catalogado como “apóstolo da desgraça”... O que vale é que esse epíteto já começa a ser uma medalha para quem se vê vilipendiado por tanto incompetente! (Noé Nhantumbo)
2010-12-29 08:18:00
O esgotamento de ideias ou a falta de perspicácia e capacidade para discernir o que de facto deve ser feito é uma resultante de uma postura e posicionamento político virados para o aproveitamento das vantagens que os cargos públicos dão aos seus titulares.
Não é por acaso que tanto o gado para o fomento pecuário ou os tristemente famosos 7 milhões de meticais para as iniciativas locais acabam por ser abocanhados pelos governantes afectos na sua distribuição.
Não é por acaso que as joint-ventures estabelecidas são de engenharia que beneficia abertamente os titulares dos cargos públicos afectos aos sectores em que ocorrem.
Não é por acaso que milhares de hectares de terra produtiva são colocados no defeso à espera da próxima iniciativa de capitalização.
Não é por acaso que as joint-ventures estabelecidas com o beneplácito de poderosos governantes não sofrem sanções nem são penalizadas quando deixam de servir os objectivos para que foram criadas.
E assim, obviamente que estão criadas as condições para a proliferação da impunidade judicial e da corrupção.
O sentimento de missão cumprida deve estar cada vez mais longe dos “camaradas”. Trouxeram a independência mas também trouxeram novos cancros sócio-políticos de difícil tratamento.
Quem olha para Moçambique de hoje fica perplexo e confuso sobre tudo o que se passa. É difícil compreender como é que um país prenhe de recursos tem a maioria de sua população no mercado informal e vegetando no campo. Como pode um governo revelar-se incapaz de orçamentar estrategicamente de tal sorte que sectores vitais como a Educação e a Saúde sejam e recebam o tratamento preferencial que se mostra necessário?
Mudam ministros e outros são promovidos mas a Educação continua apresentando resultados negativos. Os níveis de aprovação nos diferentes subsistemas indicam que algo grave existe mas não há prontidão, abertura, nem honestidade suficientes para se embarcar num diagnóstico nacional que revele a todos a natureza do problema.
E depois quem disser que assim não se está combatendo pobreza alguma corre o risco de ser catalogado como “apóstolo da desgraça”... O que vale é que esse epíteto já começa a ser uma medalha para quem se vê vilipendiado por tanto incompetente! (Noé Nhantumbo)
2010-12-29 08:18:00